Quem vive de passado é mus(eu)

eu provavelmente deveria escolher uma foto tirada por mim pra esse post?
Aprendi a valorizar memórias.
As presas dentro da minha cabeça e as presas em quaisquer lugar fora delas.
Sou apaixonada pelo meu HD externo porque ele detém todas as minhas fotos que eu consegui salvar. Existe algo de mágico em abrir aquelas pastas e ver meu cabelo comprido nas fotos que estavam no orkut em 2009 (e ainda bem que estavam lá, porque eu sumi com todas aquelas fotos daquela época, aparentemente eu não via importância em manter as fotos se elas não estavam no orkut?) ou as da bienal do livro desse ano. Algo incrível em abrir um vídeo da minha irmã de 5 anos em 2009 e ver que ela cresceu tanto, mas ainda mantém certos trejeitos. Existe algo reconfortante em ver meus vídeos em 2011 e em 2013 e perceber que eu não evolui nada em tal aspecto e mudei radicalmente em outros.
Eu adoro ler posts antigos do meu blog. Me dá uma certa esperança de que, sim, você muda, você cresce e você aprende. Nada é permanente, nem mesmo as tatuagens, por que suas (minhas?) opiniões deveriam ser? Gosto também do fato de saber que eu gosto daquela garota de dezesseis aninhos de dois anos atrás. Bate um arrependimento de ter apagado todos os blogs que eu já fiz desde 2008, quando ganhei meu primeiro (e único [sim, ainda uso o mesmo]) computador.
Gosto dos meus diários, com reclamações tão relevantes quanto "Hoje não teve nada legal pra escrever" (texto original, KDB, 2010). É a mesma ideia dos blogs, mas absurdamente mais importante, já que nos diários físicos, eu escrevia toda e qualquer coisa, já que era a única que ia ler. E é engraçado ler coisas que você não lembra sobre si mesmx.
Daí vem o ponto desse texto: a memória não é eterna. O esquecimento é inevitável. Por mais que se tente, não há como lembrar de tudo na vida. Simplesmente não há. E é por isso que registros são tão importantes.
Existe uma razão para a história ser separada da pré-história pela escrita: não aconteceu se não há registros. Não tem como saber do que aconteceu dentro de uma caverna há 7 mil anos se ninguém rabiscou nada em suas paredes. É uma das partes mais importantes da história do livro 1984. A única forma de o presente (r)existir até o futuro é com registros.
A gente passa tanto tempo pedindo para a Penseira de Harry Potter ser real, que não percebemos que elas são. Cada registro de momentos vividos que deixamos para trás é uma memória fora da sua cabeça. Memória que, talvez daqui a vinte ou trinta anos, vai ser mais difícil de ser alcançada no fundo desse enorme baú de tranqueira que a gente chama de cérebro. Mas que é, com o catalisador certo (uma foto, um texto, um vídeo, um desenho, um cheiro, um sabor), facilmente trazida à tona. Mais importante que isso, mesmo que você, no alto de seus 98 anos, não consiga mesmo se lembrar de mais nada, outras pessoas poderão.
E um pedaço de você vai estar sempre vivo.

PS: tem tempo que eu não escrevo sobre outra coisa que não minha mente perturbada, né?!
UPDATE: meu HD externo com todas as fotos da minha vida desde 2009 corrompeu e eu nem consigo formatar pra recuperar as fotos. Imagine como meu coração está agora.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

[um texto sobre artes cênicas]

this is me trying