quinta-feira, 18 de junho de 2015

Acorda pra vida!

Eu não tenho exatamente dificuldade pra acordar cedo. Assim, não é que todos os dias eu pule da cama com um sorriso maravilhoso e saía por aí cantando para os pássaros, tem dias que, realmente, levantar é um parto. Mas, em geral, eu até prefiro acordar cedo, o dia acaba de fato rendendo mais e é legal a sensação de "uau, já fiz tudo isso e ainda são só x horas".
Mas num desses dias aí da vida, eu dei um pulo da cama depois de claramente já ter desligado o despertador há meia hora atrás, corri desesperada pra tomar banho, penteei meu cabelo sem o menor cuidado que ele exige, achei que não ia dar tempo de tomar café e tudo.
Devo dizer que odeio a sensação de estar atrasada. Aquela pressa pra fazer tudo na hora, de precisar estar pronta, mas não só pronta, pronta e com cara de quem acordou não apenas na hora, mas vinte minutos antes, quando na verdade eu acordei meia hora depois e definitivamente poderia ter dormido mais.
Eu estava com a cara inchada, o cabelo capengando, tinha escolhido uma roupa bem meh e eis que, "uau, nem foi tão ruim, demorei quase nada pra estar prontíssima pra sair, talvez até dê tempo de tomar café"
E eis que entro na cozinha, feliz e contente com a possibilidade de comer antes de sair de casa e foco meu olhar no visor digital do microondas para ver a hora, e eram só duas horas da manhã.
DUAS.
HORAS.
DA.
FUCKING.
MANHÃ.
Eu não sei que raios aconteceu na minha vida, não sei que tipo de problema eu tenho, mas eu não acordei atrasada coisa nenhuma, nem tinha desligado o despertador, nem nada disso, eu só fui trouxa e acordei desesperada sem razão NENHUMA.
eu, segurando meu trofeu de trouxa do ano
E então eu comecei a pensar que essa peripécia pode ser uma metáfora pra vida (eu sou grande adepto das metáforas, Hazel Grace) que diria "miga, calma, não precisa estar tão desesperada assim, tome banho, penteie o cabelo, tá tudo bem, são só duas horas da manhã da sua vida, você ainda tem mais vinte e duas pra viver, não precisa fazer tudo isso agora", que foi basicamente o que a psicóloga com quem me consultei uma vez disse.
A parte boa: pude dormir mais quatro horas (apesar de ter sido bem mais difícil acordar na hora certa depois :c )
Fica aí a dúvida do porquê acordei às duas da manhã e a lição de "nunca levante da cama sem olhar ~de verdade~ a hora no celular".

terça-feira, 9 de junho de 2015

Underneath it all...


Lembro até hoje de uma professora de sociologia dizendo que nos gabamos tanto de sermos racionais, mas no fundo mesmo só sentimos real prazer nas nossas atividades fisiológicas animalescas (comer, beber, foder...). E isso é tão verdade, que grudou no meu cérebro pra sempre.
Ontem eu assisti Relatos Selvagens, um filme argentino em esquetes que conta várias historinhas de pessoas que têm um surto nervoso devido a alguma coisa qualquer boba do dia a dia. Minha primeira impressão era de que todas as situações ali são muito absurdas para serem reais, mas conforme eu fui absorvendo o filme, percebi que não, não é absurdo. Não são situações-limite, não são exceções, não é (só) roteiro de filme.
Seres humanos têm uma mania absurda de querer aprovação alheia. Em todas as situações, em todos os sentidos, em todos os campos da nossa vida. Estamos sempre esperando que os outros nos vejam como melhores do que nós mesmo nos vemos. Como consequência do medo da reprovação, reprimimos todos os nossos maiores desejos (aqueles, os animalescos) até a boca, até eles encherem a gente por dentro e a coisa se tornar insuportável e a gente explode.
Eu sei disso porque me pego fazendo isso várias vezes, vejo meu pai fazer isso, vejo a minha mãe fazer isso. Todos. Os. Dias.
E as situações que nos levam ao limite não são situações-limite. Não são as situações grotescas que nos fazem enlouquecer. São coisas pequenas, são gotas d'água. Mas só é necessária uma gota d'água para transbordar o balde. E o balde transborda porque não deveria nem estar cheio.
A gente devia se permitir sentir o que estamos sentindo. Dar pequenas crises de vez em quando, pra não dar um piripaque qualquer dia desses. Dizer o que estamos sentindo, chorar, gritar, socar uma parede. Qualquer coisa que libere essa selvageria toda que tem dentro de nós aos poucos, porque três ataques de um leão de cada vez é melhor que um ataque de três leões ao mesmo tempo.
Embaixo de todas essas roupas, de todos esses cálculos, de todos esses contratos, de toda essa pose fotos e textões no Facebook e fotos de garrafas de cerveja e comidas congeladas, nós ainda somos os mesmo animais selvagens de dois milhões de anos atrás.