terça-feira, 31 de março de 2015

Péssima ideia - BEDA #0

Primeiramente: MARÇO ACABOOOOOOU


Foi só pra mim que  março durou sete vidas? Já era março quando começaram as minhas aulas e já causei demais muito em excesso na faculdade :p Mas finalmente esse parto de mês acabou e amanhã começa o melhor mês do ano: ABRIL \o/
São muitas coisas divertidas acontecendo no mesmo mês, envolvendo páscoa, chocolate, feriados, programação nova na tv e, as duas coisas mais importantes e maneiras; VEDA e meu aniversário!!!11!!


Pra você que mora numa caverna, não tem acesso à internet e não sabe do que estou  falando, VEDA é uma sigla correspondente a Vlog Every Day in April, ou vlog todo dia em abril  (algumas pessoas fazem em agosto, mas eca, agosto :p). O VEDA é filho do BEDA, blog every day in april, que estou, por meio desse post, ressuscitando das cinzas.
Então, já que a abril é um mês maravilhoso demais e eu sou ansiosa demais para o meu aniversário para deixar  isso  passar em branco, se preparem para incríveis TRINTA posts em abril.
Minha consciência responsável e madura passou o dia todo gritando pra mim  que essa era uma péssima ideia. Porque abril pra mim, que nasci no último dia do mês, é sinônimo de inferno astral. Porque as primeiras provas da faculdade estão quase que todas marcadas para abril. Porque agora eu trabalho e estudo. Existem várias razões  pelas quais essa é uma péssima ideia. A parte racional de mim sabe que dia 7 eu já vou querer desistir.
Mas a parte emocional, responsável pelos ~feels~ e altamente afetável por eventos ridículos (tipo o fim de março) e o dia em que nasci, não quer dar uma foda pra isso, estando, nesse momento, muito empolgada por causa do gif anterior e pensando em altas coisas maneiras pra escrever.
Então tá.
Vejo vocês amanhã.


Karla, cê sabe que essa é uma péssima ideia. Desiste disso e vai estudar, vai...

domingo, 29 de março de 2015

O Kobo pra Android e eu me enganando-me a mim mesma pessoalmente

essa  imagem não faz sentido algum e por isso mesmo é que ela está aqui
Estou numa fase da vida em que duvido que eu vá passar em qualquer que seja a matéria da faculdade. Não me vejo tirando mais de quatro em nenhuma matéria, porque tenho certeza de que não absorvi mais que 40% das aulas. As coisas estão ruins assim.
Tem um mês que não abro um livro por prazer. Porque eu percebi que não aproveito as  leituras que eu faço durante o período de aulas na faculdade, por causa da culpa de não estar lendo textos acadêmicos. Então simplesmente parei de estragar livros bons com culpa.
Mas tá, isso não me impediu de assistir How I Met Your Mother inteirinha em dois meses. Também não me impede de assistir Empire, toda semana piamente (btw, taquipariu, já assistiram Empire? vão atrás desse seriado a-g-o-r-a, por favor, obrigada, de nada). Nem de me viciar completamente em Redhead Redemption, um joguinho de matar zumbi pra plataformas mobile desenvolvido pelo 9GAG (olha essa Karla toda termos técnicos). Não me impediu também de baixar o aplicativo pra Android do Kobo, o ereader da Livraria Cultura, e baixar todos os livros grátis que achei E ler o mesmos. Ou seja, não está lendo livros  físicos por culpa de não estudar pra faculdade, mas livros digitais, tudo bem, né, Karla?


Eu tenho essa mania horrorosa de me auto-enganar-me a mim mesma pessoalmente. Eu realmente faço isso o tempo todo. Eu sou bastante persuasiva quando se trata de mim mesma e sempre me convenço a fazer ou não alguma coisa. Eu tenho uma mania absurda de me sabotar. Digo pra mim mesma que eu posso fazer alguma coisa ou que eu simplesmente não posso fazer nunca aquilo. Tenho mania de dizer que "imagine, eu, eu não sou indecisa, sou bastante assertiva" logo depois de morrer de indecisão sobre qual All Star usar naquele dia. Continuo respondendo que gosto muito de economia quando me perguntam, mas odeio (bem) mais que a metade das matérias da faculdade. Falo sempre que não  tenho dinheiro pra nada, mas tomo sorvete do McDonald's toda semana. Continuo repetindo que tá tudo difícil demais, quando eu sei que no fundo é só preguiça.
Então eu estou numa crise seríssima (eu estou muito hiperbólica nesse post, vou tentar dar uma segurada nos superlativos) porque eu perdi o senso de se estou sendo realmente eu mesma ou se só me convenci de que essa pessoa sou eu. Não sei se minha auto-estima está tão boa assim mesmo, ou se só continuo repetindo isso pra que um dia se torne verdade.
E a pior parte é que eu não sei como mudar.
Eu continuo dormindo no ônibus entre o trabalho e a faculdade, ao invés de ler o livro de contabilidade social que está lá, pesando na mochila, e depois juro que estou estudando. Continuo matando aula e depois digo que o professor é muito ruim (mas ele é ruim mesmo, nesse caso é mais um ciclo vicioso que minha auto-sabotagem, juro). Continuo escrevendo esse texto à meia-noite e quarenta e cinco quando poderia estar dormindo mais nesse fim de semana. Continuo não querendo ser mais velha, mas internamente estou contando os dias para o meu aniversário.
Eu sou assim, digo o que eu quiser pra mim mesma para poder extrair de dentro de mim a culpa de não ser a pessoa que eu acho que deveria ser. Ter alguma outra coisa me impedindo de ser quem e fazer o que eu quero é mais confortável do que essa coisa ser eu mesma. É bem mais difícil acreditar que tudo depende de mim mesma quando eu me sinto tão presa nas circunstâncias.
E também tem essa parte de mim que não gosta da ideia de sacrificar prazeres. Não quero matar minha série pra estudar microeconomia. Não quero perder sono por nada nessa vida. Não quero deixar de tomar uma casquinha toda semana. Não quero ir ~de novo~ no banco resolver problema. Não quero deixar de ler  os romances que eu baixei no Kobo. Não quero deixar de acompanhar os blogs que eu acompanho. Não quero abrir mão dos prazeres pelos afazeres, porque ser adulto é mais complicado do que eles deixam transparecer.
Lembro de um professor falando sobre psicologia e dizendo que o que separava o adulto das crianças era a capacidade de saber esperar para desfrutar de algum prazer só quando possivel. Que crianças queriam os brinquedos ali, naquela hora, e que os adultos sabiam esperar pra comprar aquele smartphone tão desejado.
Talvez seja só preguiça de ser adulta.



PS: pra quem tem um Kobo ou o aplicativo: baixe Our Frozen Wings, da Becky Wicks. Ótima história e bem curtinha. Nesse momento, estou lendo Ethereal, dx KED. Uma coisa meio distópica assim, e tá bem legal até agora. E, apesar disso, juro que trouxe um livro de contabilidade social e um de estatística pra estudar em casa, porque eu não sou tão irresponsável assim hahahaha

segunda-feira, 23 de março de 2015

Para ver se acontece alguma coisa nessa tarde de domingo

Céu e Ruiz, provavelmente chapadas, cantando Efêmera, retirada diretamente do Facebook da Tulipa amorzão Ruiz 
No último domingo, dia 22, eu fui até a portaria do meu condomínio buscar um negócio pra minha mãe. Só entre o hall do meu prédio e a portaria eu: tropiquei num degrau, me molhei de chuva quando o vento virou o guarda-chuva do avesso e escorreguei no hall machucando o joelho. Eu sabia que isso era um sinal pra eu ficar em casa, era o universo me dizendo que rolê embaixo de chuva no domingo à noite não era uma boa ideia. Mas o fato  é que saí de casa debaixo de chuva, morrendo de frio, sem vontade, rumo ao parque do Ibirapuera pra um rolê que já julgava miado.
Entenda-me: estava chovendo, era noite de domingo, eu tinha de acordar cedo na segunda-feira e, ainda assim, eu estava rumando para o centro da cidade ver o show de três cantoras que eu conhecia muito pouco ou quase nada.
As coisas que a gente faz pra ver os amigues.
Daí lá vou eu, sendo assediada no meio do caminho só porque as costas da minha blusa era(m?) meio transparente, morrendo de frio, pensando se tudo isso valia escutar É, a única música da Tulipa Ruiz que eu conhecia até então, ao vivo. Veja bem: eu não queria ir.
Então tá, encontrei zamigues (o que era mais uma prova de aquela brincadeira não ia dar certo, já que o casal que me convidou estava brigado e um outro mig estava bravo/triste com alguma coisa), vesti minha blusa de frio porque não sou obrigada, e fomos. A uns dez minutos de caminhada do parque, já tinha parado de chover e já era possível ouvir a cantora Céu arrasando no palco. Esse foi o momento em que percebi que talvez, só talvez, aquela não tinha sido uma ideia completamente idiota.
E sério, não foi mesmo. Foi uma ideia ótima. Foi um rolê incrível.
Como a gente chegou depois do começo do show, já tinha muita gente, então a gente ficou bem pra trás, quase que sem enxergar o palco, agradecendo pelo telão. Mas era muito bom, porque onde a gente estava, a quantidade de pessoa já começava a rarear, então a gente tinha espaço suficiente pra cantar, dançar, curtir o show sem medo de morrer pisoteado.
E, gente, como é bom não precisar se matar pra ver um show <3
Como eu havia previsto, tinha muita lama, muita gente, estava frio e tinha muito cheiro de maconha rolando. Mas, diferente do que eu imaginava, eu estava ali, cantando Malemolência da Céu, com pessoas muito legais, sem fazer nenhum esforço pra gostar. Céu chamou Tulipa Ruiz pra cantar uma música e, nessa ficou claro que a atração ali era mesmo a Tulipa. Quase tive um treco quando, depois que a Céu terminou seu show, tocaram a introdução de É, dando início ao show da Tulipa Ruiz, que eu cantei junto porque sabia e tudo o que eu conseguia pensar era que eu não estava dando nada pra esse  show algumas horas antes, e naquela hora tudo o que eu queria era que não acabasse.
E não parou por aí.
O show da Tulipa foi  incrível, no melhor sentido da palavra. Algo do tipo "não dá pra crer" mesmo. Ela soa muito melhor ao vivo e eu me apaixonei por ela ali, bem ali. Enquanto ela cantava Efêmera com a Céu e quando ela deitou no palco (deitou!!! no palco!!!) pra cantar Víbora. Agora eu me arrepio toda vez que escuto Víbora. Só quem estava lá é que vai entender o que eu quero dizer sobre Víbora.
Quando acabou meu show preferido da noite, várias pessoas foram embora. Então tínhamos mais espaço ainda pra curtir a atração principal da noite, a francesa Zaz. E foi tudo lindo, ela cantando músicas felizes e músicas tristes e aquela voz maravilhosa em francês e climinha de romance quando ela cantou em português e a Zaz é um amorzinho. A essa altura do campeonato, os amigues já estavam um pouco altos, todo mundo dançando e pulando ao som de Les Passants, apesar de não ser música pra pular e dançar.
No fim do show, passamos no McDonald's pra comer pela primeira vez nas últimas quatro horas e fomos embora em seguida, e eu ainda com Só Sei Dançar Com Você na cabeça.
Quando eu cheguei em casa, meia noite do domingo, morrendo de dor nos pés, sabendo que ainda tinha que dar aula às oito da manhã da segunda-feira, pensei que, sim, foi incrível.
Eu não esperava nada de bom dessa brincadeira. Sério. Eu achei que seria um porre. E acho que, por isso, a experiência foi muito muito muito melhor. Eu tinha as mais baixas das expectativas e acabou sendo, como diria um dos migs do rolê, foda pra caralho. As expectativas levaram o show pra outro nível.
Então, o que aprendemos hoje, crianças? Que as expectativas são mais facilmente alcançadas quando elas estão baixas. E que não importa o quão ruim um dia possa começar, a gente não sabe como ele vai terminar. E, sei lá, sabe.  Uma vez eu estava chorando as pitangas no Twitter e uma menina que me seguia disse que "as coisas não podem melhorar se elas já não estavam ruim antes". E acho que meu domingo foi bem assim. E ainda bem que eu não estava dando nada pra ele.


PS: infelizmente, esse show maravilhoso deu origem a uma semana bem dark, com direito a meus alunos precisando de reforço, Karla boiando em todas as aulas da faculdade, eu distraída por casa de macho e o Zayn Malik saindo da One Direction. Apesar de estar viciada na Tulipa, tudo o que quero nessa vida é ouvir 1D e comer chocolate, debaixo de um cobertor. *suspiro triste*

quinta-feira, 12 de março de 2015

Um texto do tamanho do meu amor por teatro

(eu sou a garota cortada ali no canto esquerdo, de chapinha, salto alto e vestido de lantejoula. juro.)
Gostaria muito de conseguir falar com coerência sobre minha experiência favorita da vida, mas a verdade é que já tem algum tempo desde 2011 e a adrenalina (e a tal da quarta parede) deixou meu cérebro num blur que eu não me lembro das coisas acontecidas no palco, só lembro da concentração na coxia e do êxtase no fim. Eu realmente não lembro de algo específico durante a peça em si, eu só me lembro de me sentir totalmente eu mesma.
O que é bastante irônico, considerando que eu não estava sendo eu mesma. Dã.
Depois dessa cena retratada na foto, nós tínhamos um blackout para trocar personagens no palco. A peça toda tinha vários desses e em todo blackout, a plateia estourava em palmas. E, aquilo ali, a sensação de ouvir palmas com adrenalina de palco correndo nas veias, aquilo era o que eu queria pro resto da vida.
É o que eu sempre quis desde a quarta série, quando minha professora me fez representar uma ovelha (sim, uma ovelha) numa peça na escola sobre a Páscoa (não, não era um coelho, era uma ovelha). Eu estava lá, no palco, só crianças mais novas que eu na platéia quando eu disse "não me mete nessa história, eu nem boto ovo" e todo mundo na plateia riu. A sensação era a mesma, apesar de completamente diferente. E eu já sabia, aos dez anos, que eu queria aquela sensação pro resto da vida.
Desde aquele dia, eu nunca mais fui a mesma. Sempre fui louca pra fazer teatro desde então. Lembro que, na época em que eu não precisava me preocupar com muito mais coisas na vida e minha mãe me apoiava porque eu não era legalmente apta pra trabalhar, fui atrás de um grupo de teatro grátis na minha antiga casa e tals, mas que só aceitava adolescentes a partir de dezesseis anos. Lembro também de ter enlouquecido ao ler "conversas, teatro, diversão" num folheto sobre o Alta Voltagem, grupo de jovens oferecido pelo Sesc, mas que também só aceitava jovens a partir de treze anos (eu tinha doze e oito meses na época da inscrição, acabei indo pro grupo de crianças, que não tinha nada a ver com o que eu queria). Então eu acabei deixando isso pra lá até entrar no melhor ano da minha vida, 2011, quando eu entrei pro grupo de teatro que tínhamos na escola onde eu estudava.
E, damn!, como eu sinto falta daquilo.
Cada aula/encontro era melhor que o anterior e aquilo estava sendo definitivamente tudo o que eu achei que seria e eu amava tanto aquilo, com tanta força. Eu amava a turma, eu amava o diretor/professor, eu amava ficar na escola até a hora do teatro começar. E, sei lá, mesmo os jogos de improvisação que a gente fazia lá dentro do pior anfiteatro ever (Einstein, eu te amo, mas aquele anfiteatro...) já me deixava nas nuvens. Os exercícios físicos e de concentração, em que a gente não estava de fato atuando, também eram ótimos.
E então veio a peça em si. Foram seis ou sete meses e de montagem e conexão de grupo, de configuração de figurino e marcação de texto e de cena e um último mês de puro estresse que resultou na melhor e mais curta hora da minha vida.
Eu provavelmente nunca vou conseguir explicar o que eu senti em cima daquele palco.
"eu tô tão animada que posso vomitar" define bem
Era a coisa mais louca. Eu estava preocupada porque aprendi a andar de salto só pra fazer aquilo e descobri que, além de iniciante em andar na ponta dos pés e mais desastrada que São Paulo em fim de chuva de verão, eu teria que me manter impecável oito centímetros mais alta com um tapete (sim, um fodendo tapete!) no meio do palco com o qual não ensaiei. E estava muito preocupada de borrar a maquiagem, porque não daria tempo de corrigir, e estava calor demais naquele camarim. E eu estava preocupada com uma meia calça que rasgou (na foto do post dá pra ver que eu estou sem a meia calça, coisas do teatro). E eu queria ser boa, queria fazer jus ao fato de que estava ali e no papel em que estava, não queria esquecer o texto. E, nossa senhora, ainda foi a melhor sensação da minha vida. Eu sentia meu coração bater forte, estava me sentindo linda, não precisava pensar no que dizer e com um sorriso que não cabia no rosto (hoje penso que, ainda bem que eu precisava sorrir no papel, se fosse algo mais dramático talvez não funcionasse). Nunca estive tão bem na vida quanto durante aquela apresentação.
E então tudo acabou quando, em 2012, comecei a fazer curso técnico depois da aula. Eu tinha acabado de desistir da coisa que eu mais gostava na vida por um curso que eu não gostei e com o qual não quero trabalhar. E então tive altas crises na época do vestibular tentando decidir meu coração entre o mais rentável economicamente e o que provavelmente me faria mais feliz, mas sem dinheiro. Só Deus sabe o quanto eu chorei nessa época.
E, eu ainda tive algumas experiências de um dia em alguns grupos de teatro desde então. Ainda prestei vestibular pra Teatro na Unesp, mas não fui fazer a prova específica/prática (e acho que, se tivesse ido, teria passado), então não adiantou de nada. Ou seja, nunca mais voltei para o que, na realidade, é a minha maior paixão.
E, aos poucos, estou deixando o amor pelo palco e pela performance morrer dentro de mim. Reprimindo-o, porque a menor menção a isso faz meus pais me chamarem de fantasiosa e mandarem eu cair na real. E isso também é conflitante, porque eu sei que eles só querem meu bem, mas pra eles isso não vai me fazer bem. Poucas são as pessoas que de fato sabem o quão bem teatro me fez/faz.
Eu estou sempre insatisfeita, sempre tentando buscar alguma coisa pra cobrir um vazio que sinto aqui dentro.
Enquanto assistia First Position, um documentário sobre crianças e adolescentes que estão participando de uma renomada competição de balé valendo bolsas de estudos e o direito de viver dos seus sonhos, é que realmente entendi porque eu nunca estou satisfeita comigo mesma. Porque era pra eu estar correndo atrás do meu também. No documentário, os bailarinos passam por todo tipo de dificuldade, desde o preconceito para com os meninos que fazem balé até problemas físicos do excesso de treino para ir atrás do que eles realmente querem. São tantas razões pra desistir, é tanta dificuldade, mas mesmo assim, todos seguem, nenhum desiste. Porque pra fazerem desisti-los daquilo que eles mais amam é preciso bem mais que um tornozelo dolorido.
Minha única dificuldade talvez seja a coragem de ser eu mesma ao invés de ser a pessoa que esperam que eu seja. Reli essa semana o hilário Pegando Fogo, da Meg Cabot, sobre uma protagonista bem dessas de "mas o que as pessoas vão pensar", e ela fica tão melhor consigo mesma quando toca o foda-se e fala o que está de fato sentindo. Por que eu não consigo? Do que será que eu tenho tanto medo, afinal? Por que é que ainda não larguei economia, esse curso que com certeza não vai me trazer a razão pela qual comecei ele (that's money, honey), e fui fazer o que eu sempre quis: artes cênicas na Escola de Arte Dramática da USP?! A única coisa me impedindo de fazer isso sou eu mesma e os pensamentos sobre "vai todo mundo me matar". Eu não sei.
Eu só não quero acordar daqui há vinte anos olhando pra minha vida tendo a certeza que deixei escapar a única chance que eu tinha de ser feliz só porque era mais cômodo. Espero, mesmo, que eu tome uma decisão/atitude sobre isso até o fim desse ano, nem que seja só voltar pro teatro e não necessariamente cursar a graduação em artes cênicas. Eu só quero entrar na casa dos vinte com muito mais razões pra curtir do que pra me angustiar.

*Obrigada a você que teve paciência de ler saporra até o final. eu te amo, de verdade, por isso. quando eu comecei a escrever, não imaginei que ia ficar tão grande.
*eu não tenho muitas fotos da peça e essa é a única que dá pra me identificar facilmente em cena. tenho outras dos bastidores, mas não era sobre os bastidores que eu queria falar, apesar de também fazer parte em todo meu amor.

quinta-feira, 5 de março de 2015

Eu e as Garotas

(eu tive problemas seríssimos pra escolher essa foto, porque, além de tudo, as promocionais são ótimas <3)

Eu não lembro exatamente quando eu comecei a ver esse seriado, mas foi na primeira temporada ainda. E eu lembro bem do buzz que ele estava fazendo. Uau, cêis gostaram mesmo desse seriado, deixa eu ver qual é o rolê. E, gente, ainda bem que eu fui ver qual era o rolê de Girls.

"Honestamente, eu sinto que tomei a decisão certa, o que é uma sensação totalmente nova pra mim"

A sitcom (será que dá pra chamar de comédia?) da HBO conta as histórias, erros e tropeços de quatro garotas, por volta dos vinte anos, tentando fazer a vida dar certo em Nova Iorque, a cidade de seus sonhos. Até aí, nada de muito novo, vários seriados falam dessa mesma coisa, nessa mesma cidade. Então por que Girls é especial o suficiente pra eu fazer um post inteiro no blog sobre ele?

"Você não está confortável na sua própria pele e acha que isso é problema dos outros"

Eu não sei se esse é realmente o grande segredo do sucesso de Girls, até porque eu não sei como é que as coisas funcionam nos Estados Unidos e qual é o público alvo e (para de blá blá blá, karla, volta pro texto), mas pra mim o grande lance é que é muito fácil de se identificar com qualquer uma das garotas, ou até mesmo com todas elas, uma de cada vez ou todas ao mesmo tempo. Elas todas são muito reais, com qualidades e defeitos e inseguranças de quaisquer garotas reais. Isso é tão verdade que, em quase todos os episódios, quero matar uma das personagens e mudo de favorita, porque o fato de elas serem reais, elas são passíveis de sentimentos reais (vai com calma, karla, nem todo mundo tem sentimentos reais para com personagens fictícias). Além do fato de, claro, ser ridiculamente fácil se identificar com elas.
Tem episódios em que eu me identifico tanto com Hannah (a protagonista, interpretada pela Lena Dunham, que também é a criadora/diretora/produtora da série) que quero dar um abraço bem apertado nela, mas tem dias em que eu só quero dar um chega pra lá nela e mandar ela pra puta que pariu. Ela completamente insegura e egocêntrica e preguiçosa. O problema de autoestima dela a deixou maluca de verdade. E, Lena, que tatuagens maravilhosas <3

"qualquer coisa maldosa que alguém possa pensar em dizer sobre mim, eu já disse pra mim,
sobre mim, provavelmente na última meia hora"
A Marnie é aquela sua amiga linda pra caramba, que sempre consegue os melhores caras, que sempre se dá bem na vida e causa em inveja em todo mundo. Difícil de se identificar? Well, nem tanto, não pra mim, pelo menos, considerando o quão egocêntrica ela é. É o tipo de garota que, toda vez em que o assunto não é sobre ela mesma, então tá ruim, tá muito ruim, não quero mais. Se dissermos que cada uma das girls representa uma parte de mim, a Marnie definitivamente representa a pior.

"Por que caralhos você ainda tem uma namorada que não sou eu?"
E, sabe, tem a Jessa. E se olhar por cima, nós não temos absolutamente nada a ver uma com a outra a não ser pela incessante necessidade de mais. Mais aventura, mais sensações, mais tudo. Ela quer experimentar de tudo, fazer tudo, ver tudo, assim como eu. A diferença é que ela vai lá e faz, sem paciência pra lidar com a opinião alheia. Ou com as consequências. Ou seja, ela sempre se fode depois. E é tão conflitante querer ser alguém que só se fode na vida uuuuuugh. Talvez o que eu mais goste na Jessa é que ela é quem eu queria ser, mas não tenho coragem. (e ela é linda) (e tem um sotaque maravilhoso).

"Dá pra acreditar que minha amiga me disse que morreu pra não ter que sair comigo?"
Mas, sinceramente, a personagem com quem mais me identifico é a super subestimada Shoshana. Ela é a mais nova das quatro e talvez a mais sensata. Ela está na faculdade ainda (pelo menos nas três primeiras temporadas) e ela é tão inocente e fofa e amorzinho. Ela toma as decisões que acha ser melhor pra ela, mesmo quando não é exatamente o que ela quer de fato. E  ela está tão assustada e com tanto medo do que pode acontecer, e ela ainda é virgem aos vinte e um e tudo o que ela fala é tão eu que me dá certa raiva de ela ser a personagem com menos plot na série toda. Todas as vezes que ela aparece, eu fico muito empolgada, esperando pra ela dizer algo, porque é noventa e cinco por cento de certeza que eu vou me identificar. E, na maioria das vezes, eu quero bater nela pra que ela não faça ou diga o que vai fazer ou dizer porque eu sei que vai ser ruim depois, e é. Somos tipo a mesma pessoa, sabe.

"Eu só não entendo porquê ninguém diz o quão ruim vai ser no mundo real."
E, mesmo elas sendo todas muito fodidas da vida, com todos os defeitos do mundo, não dá pra completamente odiar nenhum delas. Tanto que eu continuo a assistir, sem falhar um episódio. Fora que não fica naquele sofrimento desnecessário e dramalhão. Às vezes elas ficam bem. Como eu falei ali mais em cima, têm episódios em que dá vontade de abraçar e ser elas. Então você quer continuar vendo, nem que seja pra saber o quão ruim deu a última besteira delas.
E não é só o roteiro que é bastante real, é toda a montagem mesmo. Os plots funcionam e a fotografia é ótima e as cenas de sexo e os caras/interesses amorosos fazem sentido e o desenvolvimento das personagens é do caralho (bom, sort of) e... o seriado todo é bastante real e sincero. Então quanto mais eu assisto e mais tenho certeza de que tá tudo errado aqui dentro de mim, eu também tenho vontade de melhorar e lidar com as coisas mais ou menos da forma como elas lidam. Porque, no fim do dia, elas só tem umas às outras, e é só com essa ajuda que podem contar.
Acho que, na verdade, o que estou tentando dizer é que a real razão de eu amar tanto esse seriado ainda é:
"Realmente ajuda muito saber que você está fodida também."
Nada como ver alguém na merda pra lembrar que todo mundo fica na merda também. Mesmo quando se é linda que nem a Marnie, inteligente que nem Hannah, badass que nem a Jessa e fofa que nem a Shosh. E tá tudo bem estar na merda um pouquinho. E é bom ter exemplos de como sair da merda também. Principalmente exemplos tão legais e divertidos.
Okay, de repente, esse texto pareceu inútil agora, se eu resumir o meu amor pela série assim. Mas é verdade. Personagens reais, com defeitos reais, com corpos reais e que fazem drama como eu, ajudam bastante na vontade de ser melhor ou não ser melhor at all e aceitar quem eu sou. É bom ver que não estou sozinha no mundo.
E, sei lá, acho que mesmo que eu não me identificasse com nenhuma das garotas em nenhum nível, acho que ainda iria gostar do plot, das atuações, da forma como mostram a Big Apple e das frases que não são escritas pra fazer rir, mas fazem. Virou uma parte até mesmo da minha rotina. Amo/sou.
E você? Por que ainda não tá assistindo Girls?

*falei nesse post aqui que a série até inspirou o nome de blog. pois é, amo forte.

domingo, 1 de março de 2015

A internet é feita de carne e osso


As pessoas vivem na internet, algumas até trabalham com ela. Eu, que também vivo na internet, vejo suas fotos e imagens e vídeos e textos e opiniões e, na verdade, acabo tendo bastante contato com a parte que essas pessoas disponibilizam online.
Mas, eu não sei exatamente o porquê, eu ajo como se essas pessoas não fossem reais. Como se elas não existissem. Não que eu não ligue pra elas, ao contrário, algumas eu acho até que sou amiga e que posso bater papo e etc (não é verdade, não posso, só finjo que falo). Mas é mais ou menos como a relação que eu tenho com personagens mesmo: amo e torço pela felicidade, mas assim, meio que assumindo que vai existir um final feliz pra essas ~pessoas da internet~.
Hoje eu vi a Bárbara, a mocinha do blog The Cactus Tree no metrô. Na hora em que eu a vi, pensei que era alguém que eu conhecia da FFLCH (ando passando muito tempo lá pra quem não esta estudando lá de fato) ou de alguma festa, mas quando eu me dei conta de que realmente era ela, meu queixo caiu e eu estava encarando descaradamente, sem conseguir me conter, porque eu sou idiota. E eu queria falar com ela, mas eu não lembrava o nome do blog dela de jeito nenhum. E ainda bem que não lembrava, porque eu acho que ia ser super creepy.
O fato é que eu estava embasbacada de ver alguém que eu só vejo em fotos se mexendo, sabe? A sensação era mais ou menos como ver, sei lá, a Hermione pegando metrô comigo, tentando domar os cabelos. Do tipo "meu, para com isso, cê num é de verdade".
A internet é um lugar tão maravilhoso, tão mágico e cheio de coisas (não vamos falar da parte ruim da internet no post de hoje, deixa pra outro dia) que vira e mexe eu me esqueço que isso é uma invenção humana, feita para humanos, mas, mais importante, por humanos. Todo esse conteúdo que está aí disponível para nosso acesso só está aí porque uma pessoa, de carne e osso, resolveu disponibilizar. A internet, portanto, também é feita de/por carne e osso. As coisas são feitas aqui são por pessoas e acabam por afetar pessoas, em maior ou menor nível, mas ainda assim. São impulsos elétricos organizados por carne e osso e sangue que, uau, também funcionam com impulsos elétricos.
Se eu me lembrar disso, talvez ver pessoas da internet deixe de ser um evento maluco onde eu tremo e mal de me reconheço (quase morri quando vi a Pâmela e a Iris (foto péssima aqui)). A internet nada mais é que pessoas. Pessoas como eu, que andam de metrô, usam WhatsApp, gostam de pão de queijo e têm uma vida offline. Só preciso lembrar.