sábado, 1 de outubro de 2016

Desculpe o transtorno, preciso falar sobre Maggie


Nos conhecemos em 2009. Quer dizer, eu ouvi falar dela pela primeira vez em 2009. Maggie Stiefvater provavelmente já me conhecia antes disso.
Se você abrir meu diário de 2009, a possibilidade de você encontrar alguma página escrito "quero ler Calafrio" é bem alta. Nessa época, eu tinha acabado de ler Crepúsculo, tinha encontrado o maravilhoso mundo dos blogs literários (que desencadeou uma série de blogs falidos escritos por mim) e, mais especificamente, o blog da Karina (acho que falarei sobre ela em algum post em algum futuro) que escreveu uma resenha apaixonada sobre a experiência de ler Calafrio, o primeiro livro publicado por Maggie Stiefvater no Brasil até então. Karina tirou o blog do ar e não posso compartilhar o texto com vocês, mas foi um negócio bom o suficiente pra, até hoje, eu ainda lembrar da sensação de "ai que fofo quero muito ler também que gracinha" que senti ao ouvir falar pela primeira vez de Calafrio. Era como se eu já soubesse ali, pelas palavras de outra pessoa, que adorava o livro. Passaram-se cinco anos desde esse texto até eu finalmente conseguir ler Calafrio, que era surpreendentemente o início de uma série, em 2014.
Eu me apaixonei por Maggie na primeira página.
Não é que eu tenha me apaixonado pela história, ou pelos personagens, eu me apaixonei por Maggie. Embora também tenha me apaixonado pelo livro em si também, eu tive a certeza de que ninguém mais poderia ter escrito The Wolves of Mercy Falls. A história era boa, o potencial enorme, mas apenas Stiefvater saberia usar aquilo daquele jeito. Mais importante que isso, a exclusividade de Stiefvater era notável no primeiro capítulo.
Li Calafrio, Espera e Sempre em 2014. Eu tinha adorado tudo, mas eu tinha amado a escrita de Stiefvater. Não é só ritmo, não é só texto. É poesia em prosa. Nessa época, segui Stiefvater em toda e qualquer rede social só pra descobrir que ela não só estaria publicando um quarto livro na série, como ele seria sobre meu personagem favorito da até então trilogia. Que eu comprei na bienal do Rio em 2015 e até hoje eu olho pra ele na minha estante e tenho vontade de ler de novo. Não pela história, não por Cole St Clair (Apesar de, sim, amar muito a história e o Cole), mas por Maggie. Pela forma como ela escolhe dispor as palavras e pelo jeito como as coisas ficam extremamente maravilhosas nas palavras dela. Porém, depois de Perdido, o último livro publicado sobre Os Lobos de Mercy Falls, eu tinha dado uma pausa no fangirl com Stiefvater, apesar de amar ela no twitter.
Em algum ponto entre 2009 e 20015, lançaram no Brasil A Corrida do Escorpião, o único dela publicado aqui que eu não li ainda (e, a bem da verdade, nunca quis ler até esse ano), e o primeiro livro da segunda série dela, Os Meninos Corvos, que é a razão desse texto estar sendo escrito. A primeira vez que eu ouvi falar de The Raven Boys foi em algum lugar da internet alimentado por uma pessoa não brasileira. Não teve texto memorável que me fez sentir calorzinho no coração e escrever no diário sobre o quanto eu queria ler The Raven Boys. Na verdade, na minha cabeça (e talvez meu péssimo inglês da época) a história se tratava sobre meninos virando corvos (oi? kkkkk) e eu estava zero interessada. Sabia que era a mesma autoria de Calafrio e tinha muito interesse em Os Lobos de Mercy Falls, mas tinha uma enorme falta de interesse em A Saga dos Corvos. Entretanto, fontes confiáveis do meu twitter e tumblr explodiram a internet com amor por The Raven Cycle. E quando eu descobri que a história não se tratava de meninos que viravam corvos (não, sério, de onde eu tirei isso? hahaha), eu saí desesperada pelas internet gritando SHUT UP AND TAKE MY MONEY porque eu queria muito ler outra série da Maggie. Quatro outros novos livros com a alma Stiefvater neles. Eu queria muito.
Só que os livros custavam R$45. QUARENTA E CINCO GOLPINHOS NUM LIVRO. Ás vezes até mais. Se vocês estão prestando atenção, eu nem tinha tanta vontade de ler aquela série assim, eu só queria muito porque era Stiefvater e todo mundo estava gostando, aparentemente.
Mas como eu disse, as pessoas da minha timeline do twitter são as melhores pessoas e gritaram uma promoção da Livraria Saraiva em que era possível comprar os três livros publicados no Brasil pela incrível bagatela de R$60,00. Cada livro sairia por R$20, que é o melhor preço de livro possível nesse Brasil de meu deus. Fui lá comprei, deu ruim, comprei de novo, deu ruim, várias treta na Saraiva. Consegui finalizar a compra. Até o dia em que finalmente chegou Raven Cycle na minha casinha, eu já tinha pegado todos os spoiler possíveis e impossíveis no Tumblr.
Mas nada teria me preparado pra The Raven Cycle.
No prólogo de Os Meninos Corvos, todos os ~feels~ que senti com Maggie em 2014 voltaram num turbilhão. Eu lembrava que ela escrevia bem, mas não tão bem assim. Eu lembrava que ela sabia desenvolver personagens, mas não tão bem assim. Eu lembrava de amar muito todo o trabalho dessa mulher (e não só nos livros, ela desenha e toca e entende de carros e.... ugh), mas não tanto assim. Maggie Stiefvater tem mágica nos dedos que escapa enquanto ela escreve. E mágica no cérebro, que é a única explicação pra tanta criatividade pra, não só criar mitologias muito originais em suas histórias, mas desenvolvê-las tão maravilhosamente. Maggie tem tanta mágica, que seu nome é quase um anagrama de "magic".
Era de se esperar que sua obra prima fosse sobre mágica.
The Raven Cycle é sensacional, e eu poderia escrever um texto sobre tudo o que tem de bom nos Meninos Corvos, mas eu escolhi falar de Maggie. Porque The Raven Cycle é foda pra caralho, mas a mulher por trás é mais foda ainda.
Stiefvater escreve personagens pra além dos humanos. Objetos, lugares, carros, florestas, relacionamentos. Tudo isso vira personagem em suas histórias, em alguns capítulos, eles são inclusive principais. E sentem coisas e vivenciam coisas com uma originalidade, com um cuidado, que só é possível porque é criado por Stiefvater. Maggie me deixou apaixonada por um floresta onde nunca estive, por pessoas que não conheci e por carros, que eu sequer gosto. Coisas que sequer existem, mas pra mim são reais o suficiente pra considerar marcar na pele.
E aí eu me dei conta de que não era a frase que eu queria tatuada. Era a escrita de Maggie. "As árvores falam latim" não é uma frase muito profunda por si só, não faz sentido nenhum e poderia muito bem ser ignorada em qualquer outra história, apenas como característica das árvores, mas no contexto e na forma em que a mocinha Stiefvater escreveu, se tornou uma frase digna de tatuagem.
E ela ainda tem talento pra mais que a literatura.
Só há uma coisa que Maggie não soube escrever (ou pelo menos não publicou): uma frase que expresse o sentimento quase apaixonado que desenvolvi por suas palavras. E, pior, ela provavelmente nunca vai saber que é minha autora favorita, porque, sinceramente, olha o tamanho desse texto? É muito pouco provável que eu vá traduzir isso só pra Stiefvater ler e é muito provável que ela fosse de fato ler caso eu de fato traduza. Talvez se ela vier ao Brasil em algum futuro. Quem sabe um dia eu consiga expressar o quanto adoro ela em mais de um tweet.

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