segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Ainda não passou o carnaval

2017 começou há quase dez dias, mas ainda estamos aqui, no mesmo clima, absorvendo o conteúdo de fim de ano da internet, amando retrospectivas do nosso ultimo ano bosta e me empolgando com as metas alheias para dois mil e dezessexy (vi no twitter, of course). E como nesse país o ano só começa mesmo depois do carnaval, não acho que seja tarde pra deixar meus registros de começo de ano.
Eu tinha começado a digitar deitada, mas achei que o lance todo de "ser melhor esse ano" poderia começar com usando a escrivaninha grande que eu trouxe pro meu quarto pequeno. Dali fui até buscar uma garrafinha d'água pra deixar aqui e tornar isso quase um escritório. É desse tipo de empolgação que eu gosto sobre as viradas de ano. Apesar de, claro, estar fazendo isso antes de lavar a louça, porque, duh, sou eu.
Eu estava conversando com uns amigos na última segunda-feira de 2016 e chegamos a seguinte conclusão: não queremos ser adultos. Passou esse momento e etc, várias coisas aconteceram, fui viajar com os amigos na virada e com o namorado no fim de semana seguinte e cheguei a seguinte conclusão: eu esqueço que só tenho 20 anos.
É que me ver estudando, trabalhando onde eu trabalho, sem tempo de ver os amigos, pagando fatura de cartão de crédito (!!!!), resolvendo as treta, dando meus pulo, ficando cansada toda sexta-feira... Não me sinto mais muito adolescente. Ser adolescente era fácil e isso certamente não está sendo.
O problema de não se sentir mais adolescente é não me sentir adulta either.
Eu faço umas burrices, sabe. Tomo umas decisões que terminam com um "eu claramente poderia ter evitado isso". Faço coisas que eu quero antes das que eu devo e eu li em algum lugar que é a compreensão de que os desejos nem sempre podem ser realizados no momento em que desejamos que separa os adultos das crianças.
E numa conversa existencial com meu namorado, de frente por mar, tomando uma caipirinha de maracujá bem delícia, eu percebi que é, é verdade, eu não sou adulta. Não preciso resolver as coisas agora. Meu emprego não precisa ser estável. Eu não preciso me graduar no tempo ideal se a faculdade me permite terminar em mais 3 anos. Eu não preciso ter um milhão de reais na conta em até dez anos porque a Forbes said so. Eu não preciso estar pensando em comprar um apartamento ao invés de pagar aluguel só porque eu acho que é hora de sair de casa, até mesmo porque nem é.
Eu tenho 20 anos. Essa é a idade de tentar, não de conseguir. Tem gente entrando na faculdade com essa idade e eu preocupada de não conseguir me formar em dois anos. Tem gente com essa idade que nunca trabalhou na vida e eu me agarrando ao meu trabalho como se fosse a única alternativa possível. Mas a verdade é que it's fine. I'm fine. Everything is fine. E é essa filosofia que eu vou levar para 2017.
Não se trata de largar tudo de mão e despirocar, ficar louca, ir vender arte na praia e trancar a faculdade num momento de fraqueza. O que eu tenho em mente pra esse ano é: tá tudo bem não ter dado certo agora, porque segundo a expectativa de vida do meu estado, eu ainda tenho cinquenta e sete anos pra tentar de novo. E se eu posso tentar de novo, eu não preciso acertar da primeira vez.
Repitamos de novo: está tudo bem.
E estando tudo bem com as partes principais da vida, eu consigo espaço pra de fato fazer as ditas "metas de ano novo". Que nesse exato momento são:
1- Ler os livros que digo estar lendo de verdade e não só carregar eles para todos os lados e fingir que conta como estou lendo. Tô falando de ler todo dia. Me obrigar a ler pelo menos dez páginas do livro por dia pra que um livro de 200 páginas dure apenas vinte dias e não quarenta. Esse tipo de coisa.
2- Começar francês. Já tem um tempo que quero fazer um curso de outra língua pelo glamour de ser trilíngue e pelas horas complementares da faculdade.
3- Guardar dinheiro. Devido uma crise de choro ao pagar a última fatura do cartão de crédito, poucos dias depois de cortar o mesmo em pedacinhos e jogar no lixo, decidi que perdi mesmo o controle e aqui estou, prometendo guardar dinheiro esse ano. Vai saber o que me espera em 2017, né gente, melhor prevenir.
4- Montar o quebra-cabeça de 3000 peças que o melhor namorado do mundo me deu de presente de natal.
E é isso aí. Se eu não conseguir cumprir nada disso em 2017 vai ser um fracasso completo porque gente são só quatro itens pelo amor da deusa, reza a lenda que tenho até 2073 para tentar de novo. E que tá tudo bem.
Nos vemos esse ano. ;*

quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

6 coisas boas de 2016

Esse post era pra ser mais ou menos um pedido de desculpa por ter reclamado tanto desse ano de 2016, pra me redimir, fechar essa porta e poder começar 2017 de coração aberto e espírito leve, em paz.

A ideia é que eu ia tentar encontrar 16 coisas boas que me aconteceram esse ano, pra cobinar e etc, o toc ajudar e tal, mas 2016 continua sendo um ano de bosta, mesmo quando a gente eleva as esperanças para o ano seguinte e etc., então eu cabô que eu não consegui achar nem DEZ coisas boas pra esse post, então ficam só seis mesmo.

Senhoras e senhores, por ordem cronológica, a melhor parte do meu 2016.


1- Florianópolis

Uma foto publicada por Karla (@cadebaltar) em
Eu comecei o ano no próprio paraíso da praia de Canasvieiras no norte da ilha da magia e com a melhor companhia possível e nem reclamei muito do frio em pleno reveillon porque aquela viagem era onde eu queria viver. Apenas.

2-  O carnaval
Uma foto publicada por Karla (@cadebaltar) em

Carnavais duram quatro dias e se alguém disser que eu estive bêbada em algum dos quatro é mentira. Descobri o maravilhoso mundo dos bloquinhos de São Paulo e, minha gente, não tem como alguém não gostar do que vi e do que vivi.

3- Meu estágio
Uma foto publicada por Karla (@cadebaltar) em

É o primeiro emprego que me dá noção de tamanho e de empresa e de hierarquia e de mundo adulto e de que eu sou só uma bostinha que precisa comer muito arroz e feijão pra brincar de gente grande ainda. Apanhei e chorei tanto, mas aprendi tanto e gosto tanto que pode ter sido a melhor coisa mesmo que aconteceu no ano. Provavelmente é sim.

4- Jaloo e Iara Rennó.
Uma foto publicada por Karla (@cadebaltar) em

Eu conheci Jaloo na virada cultural esse ano e a Iara Rennó vários meses depois num lambe-lambe da Paulisa (acho?), mas como ambos se tratam de música brasileira da boa, coloquei a Rennó fora da cronologia porque o blog é meu e eu posso. Mama-me o single mor da Iara Rennó foi a música que eu mais escutei no Spotify esse ano e senhoras e senhores que mulher. Além de Mama-me, escutei Sonâmbula até o ouvido criar calo e depois continuei. Já Jaloo não aparece tão marcante no Spotify, mas com certeza deixou 2016 mais brilhante e festivo. A foto é dum show que fui dele bem depois da virada, mas representa pouco o quanto eu adoro esse rapazinho mei tímido do Pará e sua franja. Minha favorita é Chuva ou Vem ou Last Dance, eu não sei decidir.

5 - Raven Cycle

A série de livros sobre a qual ainda não consigo falar com clareza, só querer chorar e me abraçar a um travesseiro, mas que desencadeou um post apaixonadíssimo sobre a mente brilhante por trás da história maravilhosa. Não sei se algum dia vou conseguir falar sobre Raven Cycle em si, mas foi definitivamente uma das boas coisas de 2016.

6- Meu namorado
Um vídeo publicado por Karla (@cadebaltar) em

Keep in your life everyone who makes you a better person. E ele me faz querer ser uma pessoa melhor todo dia.


Então, assim, 2016 foi um ano de bosta? Foi. Mas também foi o ano que tive Raven Cycle e Jaloo pra me segurar. Quase me matei no processo, mas acabou, sabe, e, apesar de termos a posse de Trump e do Dória, e ser o penúltimo ano da faculdade, e eu ter toda uma perspectiva de coisas ruins aparecendo pelo canto da porta, não consigo ficar pessimista em fins de ano. Porque se 2016, com toda a merda que carregou consigo, ainda me proporcionou coisas tão incríveis quanto essas aí de cima, não tem como 2017 decepcionar.
Que o venha então. Não sei o que vem por aí, mas tudo bem, aprendi que consigo segurar tudo. E, sinceramente, um ano que vai começar com meus amigos no Rio de Janeiro não pode ser tão ruim.
Feliz 2017 pra mim, pra tu, pra nós. E até a próxima.

sábado, 1 de outubro de 2016

Desculpe o transtorno, preciso falar sobre Maggie


Nos conhecemos em 2009. Quer dizer, eu ouvi falar dela pela primeira vez em 2009. Maggie Stiefvater provavelmente já me conhecia antes disso.
Se você abrir meu diário de 2009, a possibilidade de você encontrar alguma página escrito "quero ler Calafrio" é bem alta. Nessa época, eu tinha acabado de ler Crepúsculo, tinha encontrado o maravilhoso mundo dos blogs literários (que desencadeou uma série de blogs falidos escritos por mim) e, mais especificamente, o blog da Karina (acho que falarei sobre ela em algum post em algum futuro) que escreveu uma resenha apaixonada sobre a experiência de ler Calafrio, o primeiro livro publicado por Maggie Stiefvater no Brasil até então. Karina tirou o blog do ar e não posso compartilhar o texto com vocês, mas foi um negócio bom o suficiente pra, até hoje, eu ainda lembrar da sensação de "ai que fofo quero muito ler também que gracinha" que senti ao ouvir falar pela primeira vez de Calafrio. Era como se eu já soubesse ali, pelas palavras de outra pessoa, que adorava o livro. Passaram-se cinco anos desde esse texto até eu finalmente conseguir ler Calafrio, que era surpreendentemente o início de uma série, em 2014.
Eu me apaixonei por Maggie na primeira página.
Não é que eu tenha me apaixonado pela história, ou pelos personagens, eu me apaixonei por Maggie. Embora também tenha me apaixonado pelo livro em si também, eu tive a certeza de que ninguém mais poderia ter escrito The Wolves of Mercy Falls. A história era boa, o potencial enorme, mas apenas Stiefvater saberia usar aquilo daquele jeito. Mais importante que isso, a exclusividade de Stiefvater era notável no primeiro capítulo.
Li Calafrio, Espera e Sempre em 2014. Eu tinha adorado tudo, mas eu tinha amado a escrita de Stiefvater. Não é só ritmo, não é só texto. É poesia em prosa. Nessa época, segui Stiefvater em toda e qualquer rede social só pra descobrir que ela não só estaria publicando um quarto livro na série, como ele seria sobre meu personagem favorito da até então trilogia. Que eu comprei na bienal do Rio em 2015 e até hoje eu olho pra ele na minha estante e tenho vontade de ler de novo. Não pela história, não por Cole St Clair (Apesar de, sim, amar muito a história e o Cole), mas por Maggie. Pela forma como ela escolhe dispor as palavras e pelo jeito como as coisas ficam extremamente maravilhosas nas palavras dela. Porém, depois de Perdido, o último livro publicado sobre Os Lobos de Mercy Falls, eu tinha dado uma pausa no fangirl com Stiefvater, apesar de amar ela no twitter.
Em algum ponto entre 2009 e 20015, lançaram no Brasil A Corrida do Escorpião, o único dela publicado aqui que eu não li ainda (e, a bem da verdade, nunca quis ler até esse ano), e o primeiro livro da segunda série dela, Os Meninos Corvos, que é a razão desse texto estar sendo escrito. A primeira vez que eu ouvi falar de The Raven Boys foi em algum lugar da internet alimentado por uma pessoa não brasileira. Não teve texto memorável que me fez sentir calorzinho no coração e escrever no diário sobre o quanto eu queria ler The Raven Boys. Na verdade, na minha cabeça (e talvez meu péssimo inglês da época) a história se tratava sobre meninos virando corvos (oi? kkkkk) e eu estava zero interessada. Sabia que era a mesma autoria de Calafrio e tinha muito interesse em Os Lobos de Mercy Falls, mas tinha uma enorme falta de interesse em A Saga dos Corvos. Entretanto, fontes confiáveis do meu twitter e tumblr explodiram a internet com amor por The Raven Cycle. E quando eu descobri que a história não se tratava de meninos que viravam corvos (não, sério, de onde eu tirei isso? hahaha), eu saí desesperada pelas internet gritando SHUT UP AND TAKE MY MONEY porque eu queria muito ler outra série da Maggie. Quatro outros novos livros com a alma Stiefvater neles. Eu queria muito.
Só que os livros custavam R$45. QUARENTA E CINCO GOLPINHOS NUM LIVRO. Ás vezes até mais. Se vocês estão prestando atenção, eu nem tinha tanta vontade de ler aquela série assim, eu só queria muito porque era Stiefvater e todo mundo estava gostando, aparentemente.
Mas como eu disse, as pessoas da minha timeline do twitter são as melhores pessoas e gritaram uma promoção da Livraria Saraiva em que era possível comprar os três livros publicados no Brasil pela incrível bagatela de R$60,00. Cada livro sairia por R$20, que é o melhor preço de livro possível nesse Brasil de meu deus. Fui lá comprei, deu ruim, comprei de novo, deu ruim, várias treta na Saraiva. Consegui finalizar a compra. Até o dia em que finalmente chegou Raven Cycle na minha casinha, eu já tinha pegado todos os spoiler possíveis e impossíveis no Tumblr.
Mas nada teria me preparado pra The Raven Cycle.
No prólogo de Os Meninos Corvos, todos os ~feels~ que senti com Maggie em 2014 voltaram num turbilhão. Eu lembrava que ela escrevia bem, mas não tão bem assim. Eu lembrava que ela sabia desenvolver personagens, mas não tão bem assim. Eu lembrava de amar muito todo o trabalho dessa mulher (e não só nos livros, ela desenha e toca e entende de carros e.... ugh), mas não tanto assim. Maggie Stiefvater tem mágica nos dedos que escapa enquanto ela escreve. E mágica no cérebro, que é a única explicação pra tanta criatividade pra, não só criar mitologias muito originais em suas histórias, mas desenvolvê-las tão maravilhosamente. Maggie tem tanta mágica, que seu nome é quase um anagrama de "magic".
Era de se esperar que sua obra prima fosse sobre mágica.
The Raven Cycle é sensacional, e eu poderia escrever um texto sobre tudo o que tem de bom nos Meninos Corvos, mas eu escolhi falar de Maggie. Porque The Raven Cycle é foda pra caralho, mas a mulher por trás é mais foda ainda.
Stiefvater escreve personagens pra além dos humanos. Objetos, lugares, carros, florestas, relacionamentos. Tudo isso vira personagem em suas histórias, em alguns capítulos, eles são inclusive principais. E sentem coisas e vivenciam coisas com uma originalidade, com um cuidado, que só é possível porque é criado por Stiefvater. Maggie me deixou apaixonada por um floresta onde nunca estive, por pessoas que não conheci e por carros, que eu sequer gosto. Coisas que sequer existem, mas pra mim são reais o suficiente pra considerar marcar na pele.
E aí eu me dei conta de que não era a frase que eu queria tatuada. Era a escrita de Maggie. "As árvores falam latim" não é uma frase muito profunda por si só, não faz sentido nenhum e poderia muito bem ser ignorada em qualquer outra história, apenas como característica das árvores, mas no contexto e na forma em que a mocinha Stiefvater escreveu, se tornou uma frase digna de tatuagem.
E ela ainda tem talento pra mais que a literatura.
Só há uma coisa que Maggie não soube escrever (ou pelo menos não publicou): uma frase que expresse o sentimento quase apaixonado que desenvolvi por suas palavras. E, pior, ela provavelmente nunca vai saber que é minha autora favorita, porque, sinceramente, olha o tamanho desse texto? É muito pouco provável que eu vá traduzir isso só pra Stiefvater ler e é muito provável que ela fosse de fato ler caso eu de fato traduza. Talvez se ela vier ao Brasil em algum futuro. Quem sabe um dia eu consiga expressar o quanto adoro ela em mais de um tweet.

terça-feira, 16 de agosto de 2016

Mérito.

(Antes de qualquer coisa, o objetivo desse texto é só tentar entender a conjuntura da minha vida. Não estou me gabando, não estou desmerecendo ninguém, nem defendendo meritocracia e muito menos tive a intenção de reclamar de barriga cheia e/ou me fazer de vítima enquanto externalizava esses pensamentos. Nenhum post desse blog tem nenhum outro objetivo além da simples reflexão sobre o assunto, sem conclusões nenhuma. Esse não é diferente.)

Por que decidiram que subir uma escada é a grande imagem do sucesso, gente?
Eu sempre tenho que me lembrar que meritocracia não existe. Porque esse é um conceito tão prático, óbvio e internalizado na minha família, que eu tenho que me policiar pra não soltar um discursinho babaca do "não fez porque não quis". Perdoa.
Mas velhos hábitos demoram a morrer.
E quando te usam de argumento pra comprovar a existência do lindo mundo meritocrático, fica mais difícil ainda escapar da onda. Porque, sim, meus pais saíram do meio de nada e, sim, eu fui parar numa das melhores universidades do país e ganhando mais no estágio que o salário bruto do meu pai que trabalha há 30 anos na empresa dele, mas eu sei que essa é a realidade de poucos. Muito poucos. A exceção, não a regra. 
Sei porque na faculdade e no estágio, eu vejo o gap. Eu consigo ver todo o espaço entre mim e o antigo estagiário que gastou R$20 mil na última viagem que fez; é bastante notável a diferença entre as notas de Karlinha que tem sono demais pra estudar e as da guria que os pais bancam tudo, inclusive a estadia em outra cidade, só pra estudar. 
Daí é foda, né, não deixar subir aquela síndrome de ralé e me perguntar se estou no lugar certo. Porque ao que tudo indica, não estou. O universo não funciona assim, pessoas que nasceram no interior da Bahia onde a cidade "grande" mais próxima tem 60 mil habitantes não têm filhas trabalhando no "maior banco privado do Brasil" (:P) e estudando numa universidade federal, sabe? Isso é coisa de gente rica. Que tem dinheiro pra pagar escola boa, depois cursinho, gente com contato nas empresas que pode encaixar filho num estágio qualquer coisa, só até ele ter maturidade pra assumir o negócio da família.
Só que também é foda, né, não se deixar levar pelo comichão do mérito. Porra, ninguém conseguiu, sabe, só eu. Nasci numa família nada rica, nunca estudei em escola particular, fiz cursinho de graça e por sorte (minha mãe diz que foi lei da atração), porque meus pais mesmo não podiam pagar, nunca passei necessidade, grazadeus, mas não é como se eu tivesse tido muitos impulsos pra chegar onde cheguei além de uma enorme confiança que depositavam em mim. (I mean, uma enorme confiança de que eu poderia chegar onde minha família acredita que é o sucesso profissional, já que as coisas que eu queria mesmo sempre foram desencorajadas pela falta de dinheiro. Mas isso é assunto pra outro post.). Todos acreditavam que eu era muito inteligente e capaz de "subir na vida" pra um lugar onde eles não conseguiriam. E eu acreditei. Acreditei tanto, que cheguei num lugar onde eles não poderiam chegar. Eu tinha zero chances contra a guria que fez dois anos de cursinho e que não precisa trabalhar no período da faculdade (aka tendo todo o tempo do mundo pra viver esse mundo louco que é a academia do jeito certo), mas chegamos no mesmo lugar! Muito fácil acreditar que existe meritocracia assim.
Só que eu também sou privilegiada. Eu posso não ter as mesmas oportunidades na vida que 80% do corpo discente do meu campus, mas eu tive mais oportunidades que quase 80% do Brasil. Estudei em escola pública sim, mas estudei nas escolas do bairro rico (isso sem falar da Etec, onde grande parte do público também era cria da escola particular). Fiz técnico. Fiz inglês (!!!!). E se eu pensar bem, só de ter prestado vestibular, já passei na frente de vários dos meus primos, realidade que tá aqui bem perto da minha.
Então, no fim, passo metade do meu dia só julgando os antigos amigos de infância que estudaram em escola particular mas não passaram no vestibular de uma universidade pública, porque parte de mim acha que eles deveriam; e a outra metade julgando quem têm a oportunidade de cursar uma universidade pública sem trabalhar, porque eu acho que a vida tinha que ser mais difícil pra essas pessoas. Não me orgulho de nenhuma das duas coisas.
Vivo esse eterno meio termo sem saber se mereço ou não o mérito de estar onde estou.
Talvez eu devesse só agradecer e calar a boca.

quarta-feira, 27 de julho de 2016

o q q ta com tece nu?

Será que ainda tem um blog embaixo de toda essa poeira?

Esse post tem duas finalidades básicas: tirar a poeira do blog e ter algo pra lembrar quando eu abrir esse blog daqui a 28 anos sobre onde estava a minha vida em junho/agosto de 2016.

Coisa nº1: Li Raven Cycle. Bom, não inteiro, pois ainda não publicaram Raven King na terra de Vera Cruz, mas já o comprei, porque não vou ter ~guts~ pra esperar a publicação no Brasil. Na verdade, e não tô me aguentando pra ler nem daqui a um mês quando chegar minha cópia do Book Depository, imagina esperar sair em português. (Embora eu esteja planejando sim comprar a versão brasileira quando sair pra ficar bonito na estante. Sim.) Eu poderia escrever sobre a série, e até quero, mas por causa da coisa nº2, perdi todo o clima no terceiro livro, então só talvez eu escreva sobre todos os ~feels~. SÃO MUITOS FEELS.
Coisa nº2: estou com infecção na urina. Mais especificamente no rim. Por um motivo bobo, que poderia ter sido evitado e do qual me orgulho zero. Fiquei internada, tomei antibiótico na veia, continuo tomando via oral agora. Meu braço onde tinha a entrada do soro ainda dói. Aprendi que qualquer sinal é sinal e que VAI NA PORRA DO MÉDICO SIM KCT. Mas estou bem agora, grazadeus. Apesar de ter desmaiado, tomado soro e remédio na veia e ficado internada, tudo pela primeira vez, tudo numa porrada só. Tá tudo bem. Acordei agora.
Coisa nº3: Tem a coisa com o minino lá. Que eu amo dizer que odeio a nossa situação, mas na verdade eu não odeio nada não.
Coisa nº4: Hoje eu quero fazer a monografia da faculdade sobre o custo de oportunidade do financiamento estudantil. Pode ser que daqui pra 2018 eu desista, e é provável que sim, porque, né, que literatura sobre o assunto será que tem sobre? Vamos fazendo. Ou não. Difícil isso, cara.
Coisa nº5: Estou preparando outra viagem pro Rio de Janeiro e se tudo der certo ainda vamos (eu, Bia, Caio, Lenna e Leandro [ah é, tem isso também, o Leandro do Caio agora é Leandro da Lenna]) ficar na Lapaaaaaa. EU TO TÃO EMPOLGADA.
Coisa nº6: Gilmore Girls, Full House e Stranger Things na Netflix. Só isso mesmo.
Coisa nº7: É muito difícil trabalhar no banco. Espero que passe. Todo mundo me diz pra fazer as coisa de um jeito diferente. THIS IS SO HARD. Quero deitar no colo do minino lá (ah lá os close errado) e não sair mais. Cadê férias de verdade, cadê?
Coisa nº8: Começou a tocar Faz Parte do Meu Show agora no fone de ouvido e é uma música boa demais não mencionar.
Coisa nº9: Próximo semestre (daqui uma semana  meia) tem aulas de estatística aos sábados de manhã. Imagino quem é que vai terminar essa matéria.
Coisa nº10: Já tem um tempo, mas acho importante dizer que vi a Jout Jout dia desses na Livraria Cultura (escrevi como se tivesse esbarrado nela sem querer num passeio vespertino, mas na verdade foram três horas de fila e uma aula de matemática financeira a menos por uma foto maravilhosa. Totally worth it.)
Coisa nº11: Phoenix é uma banda muito boa mesmo.

Isso é o que tem de mais importante acontecendo na minha vida hoje. Acho importante deixar registrado para futuras consultas. Espero rir quando ler isso, sei lá, ano que vem, por exemplo. Espero não chorar também.
Enfim.
Até a próxima. Que eu não vou prometer, mas espero ser antes de três meses.

segunda-feira, 2 de maio de 2016

Sobre chorar por um cara na sua festa de aniversário depois de prometer que essa seria a última coisa que você faria

Segure-se onde tem pra se segurar. Aproveite as coisas, do jeito certo ou do jeito errado, só aproveite. Se apaixone e se machuque, tá tudo bem. As coisas são o que são, e ninguém controla os acontecimentos da vida, nem as pessoas mais organizadas. Esperneie, se quiser. Ninguém vai viver sua vida por você, então absorva todas as coisas (e pessoas) que ela lhe proporcionar. Tá tudo bem não estar tudo bem sempre. Aprendemos mais quando ficamos mal