Para ver se acontece alguma coisa nessa tarde de domingo

Céu e Ruiz, provavelmente chapadas, cantando Efêmera, retirada diretamente do Facebook da Tulipa amorzão Ruiz 
No último domingo, dia 22, eu fui até a portaria do meu condomínio buscar um negócio pra minha mãe. Só entre o hall do meu prédio e a portaria eu: tropiquei num degrau, me molhei de chuva quando o vento virou o guarda-chuva do avesso e escorreguei no hall machucando o joelho. Eu sabia que isso era um sinal pra eu ficar em casa, era o universo me dizendo que rolê embaixo de chuva no domingo à noite não era uma boa ideia. Mas o fato  é que saí de casa debaixo de chuva, morrendo de frio, sem vontade, rumo ao parque do Ibirapuera pra um rolê que já julgava miado.
Entenda-me: estava chovendo, era noite de domingo, eu tinha de acordar cedo na segunda-feira e, ainda assim, eu estava rumando para o centro da cidade ver o show de três cantoras que eu conhecia muito pouco ou quase nada.
As coisas que a gente faz pra ver os amigues.
Daí lá vou eu, sendo assediada no meio do caminho só porque as costas da minha blusa era(m?) meio transparente, morrendo de frio, pensando se tudo isso valia escutar É, a única música da Tulipa Ruiz que eu conhecia até então, ao vivo. Veja bem: eu não queria ir.
Então tá, encontrei zamigues (o que era mais uma prova de aquela brincadeira não ia dar certo, já que o casal que me convidou estava brigado e um outro mig estava bravo/triste com alguma coisa), vesti minha blusa de frio porque não sou obrigada, e fomos. A uns dez minutos de caminhada do parque, já tinha parado de chover e já era possível ouvir a cantora Céu arrasando no palco. Esse foi o momento em que percebi que talvez, só talvez, aquela não tinha sido uma ideia completamente idiota.
E sério, não foi mesmo. Foi uma ideia ótima. Foi um rolê incrível.
Como a gente chegou depois do começo do show, já tinha muita gente, então a gente ficou bem pra trás, quase que sem enxergar o palco, agradecendo pelo telão. Mas era muito bom, porque onde a gente estava, a quantidade de pessoa já começava a rarear, então a gente tinha espaço suficiente pra cantar, dançar, curtir o show sem medo de morrer pisoteado.
E, gente, como é bom não precisar se matar pra ver um show <3
Como eu havia previsto, tinha muita lama, muita gente, estava frio e tinha muito cheiro de maconha rolando. Mas, diferente do que eu imaginava, eu estava ali, cantando Malemolência da Céu, com pessoas muito legais, sem fazer nenhum esforço pra gostar. Céu chamou Tulipa Ruiz pra cantar uma música e, nessa ficou claro que a atração ali era mesmo a Tulipa. Quase tive um treco quando, depois que a Céu terminou seu show, tocaram a introdução de É, dando início ao show da Tulipa Ruiz, que eu cantei junto porque sabia e tudo o que eu conseguia pensar era que eu não estava dando nada pra esse  show algumas horas antes, e naquela hora tudo o que eu queria era que não acabasse.
E não parou por aí.
O show da Tulipa foi  incrível, no melhor sentido da palavra. Algo do tipo "não dá pra crer" mesmo. Ela soa muito melhor ao vivo e eu me apaixonei por ela ali, bem ali. Enquanto ela cantava Efêmera com a Céu e quando ela deitou no palco (deitou!!! no palco!!!) pra cantar Víbora. Agora eu me arrepio toda vez que escuto Víbora. Só quem estava lá é que vai entender o que eu quero dizer sobre Víbora.
Quando acabou meu show preferido da noite, várias pessoas foram embora. Então tínhamos mais espaço ainda pra curtir a atração principal da noite, a francesa Zaz. E foi tudo lindo, ela cantando músicas felizes e músicas tristes e aquela voz maravilhosa em francês e climinha de romance quando ela cantou em português e a Zaz é um amorzinho. A essa altura do campeonato, os amigues já estavam um pouco altos, todo mundo dançando e pulando ao som de Les Passants, apesar de não ser música pra pular e dançar.
No fim do show, passamos no McDonald's pra comer pela primeira vez nas últimas quatro horas e fomos embora em seguida, e eu ainda com Só Sei Dançar Com Você na cabeça.
Quando eu cheguei em casa, meia noite do domingo, morrendo de dor nos pés, sabendo que ainda tinha que dar aula às oito da manhã da segunda-feira, pensei que, sim, foi incrível.
Eu não esperava nada de bom dessa brincadeira. Sério. Eu achei que seria um porre. E acho que, por isso, a experiência foi muito muito muito melhor. Eu tinha as mais baixas das expectativas e acabou sendo, como diria um dos migs do rolê, foda pra caralho. As expectativas levaram o show pra outro nível.
Então, o que aprendemos hoje, crianças? Que as expectativas são mais facilmente alcançadas quando elas estão baixas. E que não importa o quão ruim um dia possa começar, a gente não sabe como ele vai terminar. E, sei lá, sabe.  Uma vez eu estava chorando as pitangas no Twitter e uma menina que me seguia disse que "as coisas não podem melhorar se elas já não estavam ruim antes". E acho que meu domingo foi bem assim. E ainda bem que eu não estava dando nada pra ele.


PS: infelizmente, esse show maravilhoso deu origem a uma semana bem dark, com direito a meus alunos precisando de reforço, Karla boiando em todas as aulas da faculdade, eu distraída por casa de macho e o Zayn Malik saindo da One Direction. Apesar de estar viciada na Tulipa, tudo o que quero nessa vida é ouvir 1D e comer chocolate, debaixo de um cobertor. *suspiro triste*

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