domingo, 29 de março de 2015

O Kobo pra Android e eu me enganando-me a mim mesma pessoalmente

essa  imagem não faz sentido algum e por isso mesmo é que ela está aqui
Estou numa fase da vida em que duvido que eu vá passar em qualquer que seja a matéria da faculdade. Não me vejo tirando mais de quatro em nenhuma matéria, porque tenho certeza de que não absorvi mais que 40% das aulas. As coisas estão ruins assim.
Tem um mês que não abro um livro por prazer. Porque eu percebi que não aproveito as  leituras que eu faço durante o período de aulas na faculdade, por causa da culpa de não estar lendo textos acadêmicos. Então simplesmente parei de estragar livros bons com culpa.
Mas tá, isso não me impediu de assistir How I Met Your Mother inteirinha em dois meses. Também não me impede de assistir Empire, toda semana piamente (btw, taquipariu, já assistiram Empire? vão atrás desse seriado a-g-o-r-a, por favor, obrigada, de nada). Nem de me viciar completamente em Redhead Redemption, um joguinho de matar zumbi pra plataformas mobile desenvolvido pelo 9GAG (olha essa Karla toda termos técnicos). Não me impediu também de baixar o aplicativo pra Android do Kobo, o ereader da Livraria Cultura, e baixar todos os livros grátis que achei E ler o mesmos. Ou seja, não está lendo livros  físicos por culpa de não estudar pra faculdade, mas livros digitais, tudo bem, né, Karla?


Eu tenho essa mania horrorosa de me auto-enganar-me a mim mesma pessoalmente. Eu realmente faço isso o tempo todo. Eu sou bastante persuasiva quando se trata de mim mesma e sempre me convenço a fazer ou não alguma coisa. Eu tenho uma mania absurda de me sabotar. Digo pra mim mesma que eu posso fazer alguma coisa ou que eu simplesmente não posso fazer nunca aquilo. Tenho mania de dizer que "imagine, eu, eu não sou indecisa, sou bastante assertiva" logo depois de morrer de indecisão sobre qual All Star usar naquele dia. Continuo respondendo que gosto muito de economia quando me perguntam, mas odeio (bem) mais que a metade das matérias da faculdade. Falo sempre que não  tenho dinheiro pra nada, mas tomo sorvete do McDonald's toda semana. Continuo repetindo que tá tudo difícil demais, quando eu sei que no fundo é só preguiça.
Então eu estou numa crise seríssima (eu estou muito hiperbólica nesse post, vou tentar dar uma segurada nos superlativos) porque eu perdi o senso de se estou sendo realmente eu mesma ou se só me convenci de que essa pessoa sou eu. Não sei se minha auto-estima está tão boa assim mesmo, ou se só continuo repetindo isso pra que um dia se torne verdade.
E a pior parte é que eu não sei como mudar.
Eu continuo dormindo no ônibus entre o trabalho e a faculdade, ao invés de ler o livro de contabilidade social que está lá, pesando na mochila, e depois juro que estou estudando. Continuo matando aula e depois digo que o professor é muito ruim (mas ele é ruim mesmo, nesse caso é mais um ciclo vicioso que minha auto-sabotagem, juro). Continuo escrevendo esse texto à meia-noite e quarenta e cinco quando poderia estar dormindo mais nesse fim de semana. Continuo não querendo ser mais velha, mas internamente estou contando os dias para o meu aniversário.
Eu sou assim, digo o que eu quiser pra mim mesma para poder extrair de dentro de mim a culpa de não ser a pessoa que eu acho que deveria ser. Ter alguma outra coisa me impedindo de ser quem e fazer o que eu quero é mais confortável do que essa coisa ser eu mesma. É bem mais difícil acreditar que tudo depende de mim mesma quando eu me sinto tão presa nas circunstâncias.
E também tem essa parte de mim que não gosta da ideia de sacrificar prazeres. Não quero matar minha série pra estudar microeconomia. Não quero perder sono por nada nessa vida. Não quero deixar de tomar uma casquinha toda semana. Não quero ir ~de novo~ no banco resolver problema. Não quero deixar de ler  os romances que eu baixei no Kobo. Não quero deixar de acompanhar os blogs que eu acompanho. Não quero abrir mão dos prazeres pelos afazeres, porque ser adulto é mais complicado do que eles deixam transparecer.
Lembro de um professor falando sobre psicologia e dizendo que o que separava o adulto das crianças era a capacidade de saber esperar para desfrutar de algum prazer só quando possivel. Que crianças queriam os brinquedos ali, naquela hora, e que os adultos sabiam esperar pra comprar aquele smartphone tão desejado.
Talvez seja só preguiça de ser adulta.



PS: pra quem tem um Kobo ou o aplicativo: baixe Our Frozen Wings, da Becky Wicks. Ótima história e bem curtinha. Nesse momento, estou lendo Ethereal, dx KED. Uma coisa meio distópica assim, e tá bem legal até agora. E, apesar disso, juro que trouxe um livro de contabilidade social e um de estatística pra estudar em casa, porque eu não sou tão irresponsável assim hahahaha

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