Eu e as Garotas

(eu tive problemas seríssimos pra escolher essa foto, porque, além de tudo, as promocionais são ótimas <3)

Eu não lembro exatamente quando eu comecei a ver esse seriado, mas foi na primeira temporada ainda. E eu lembro bem do buzz que ele estava fazendo. Uau, cêis gostaram mesmo desse seriado, deixa eu ver qual é o rolê. E, gente, ainda bem que eu fui ver qual era o rolê de Girls.

"Honestamente, eu sinto que tomei a decisão certa, o que é uma sensação totalmente nova pra mim"

A sitcom (será que dá pra chamar de comédia?) da HBO conta as histórias, erros e tropeços de quatro garotas, por volta dos vinte anos, tentando fazer a vida dar certo em Nova Iorque, a cidade de seus sonhos. Até aí, nada de muito novo, vários seriados falam dessa mesma coisa, nessa mesma cidade. Então por que Girls é especial o suficiente pra eu fazer um post inteiro no blog sobre ele?

"Você não está confortável na sua própria pele e acha que isso é problema dos outros"

Eu não sei se esse é realmente o grande segredo do sucesso de Girls, até porque eu não sei como é que as coisas funcionam nos Estados Unidos e qual é o público alvo e (para de blá blá blá, karla, volta pro texto), mas pra mim o grande lance é que é muito fácil de se identificar com qualquer uma das garotas, ou até mesmo com todas elas, uma de cada vez ou todas ao mesmo tempo. Elas todas são muito reais, com qualidades e defeitos e inseguranças de quaisquer garotas reais. Isso é tão verdade que, em quase todos os episódios, quero matar uma das personagens e mudo de favorita, porque o fato de elas serem reais, elas são passíveis de sentimentos reais (vai com calma, karla, nem todo mundo tem sentimentos reais para com personagens fictícias). Além do fato de, claro, ser ridiculamente fácil se identificar com elas.
Tem episódios em que eu me identifico tanto com Hannah (a protagonista, interpretada pela Lena Dunham, que também é a criadora/diretora/produtora da série) que quero dar um abraço bem apertado nela, mas tem dias em que eu só quero dar um chega pra lá nela e mandar ela pra puta que pariu. Ela completamente insegura e egocêntrica e preguiçosa. O problema de autoestima dela a deixou maluca de verdade. E, Lena, que tatuagens maravilhosas <3

"qualquer coisa maldosa que alguém possa pensar em dizer sobre mim, eu já disse pra mim,
sobre mim, provavelmente na última meia hora"
A Marnie é aquela sua amiga linda pra caramba, que sempre consegue os melhores caras, que sempre se dá bem na vida e causa em inveja em todo mundo. Difícil de se identificar? Well, nem tanto, não pra mim, pelo menos, considerando o quão egocêntrica ela é. É o tipo de garota que, toda vez em que o assunto não é sobre ela mesma, então tá ruim, tá muito ruim, não quero mais. Se dissermos que cada uma das girls representa uma parte de mim, a Marnie definitivamente representa a pior.

"Por que caralhos você ainda tem uma namorada que não sou eu?"
E, sabe, tem a Jessa. E se olhar por cima, nós não temos absolutamente nada a ver uma com a outra a não ser pela incessante necessidade de mais. Mais aventura, mais sensações, mais tudo. Ela quer experimentar de tudo, fazer tudo, ver tudo, assim como eu. A diferença é que ela vai lá e faz, sem paciência pra lidar com a opinião alheia. Ou com as consequências. Ou seja, ela sempre se fode depois. E é tão conflitante querer ser alguém que só se fode na vida uuuuuugh. Talvez o que eu mais goste na Jessa é que ela é quem eu queria ser, mas não tenho coragem. (e ela é linda) (e tem um sotaque maravilhoso).

"Dá pra acreditar que minha amiga me disse que morreu pra não ter que sair comigo?"
Mas, sinceramente, a personagem com quem mais me identifico é a super subestimada Shoshana. Ela é a mais nova das quatro e talvez a mais sensata. Ela está na faculdade ainda (pelo menos nas três primeiras temporadas) e ela é tão inocente e fofa e amorzinho. Ela toma as decisões que acha ser melhor pra ela, mesmo quando não é exatamente o que ela quer de fato. E  ela está tão assustada e com tanto medo do que pode acontecer, e ela ainda é virgem aos vinte e um e tudo o que ela fala é tão eu que me dá certa raiva de ela ser a personagem com menos plot na série toda. Todas as vezes que ela aparece, eu fico muito empolgada, esperando pra ela dizer algo, porque é noventa e cinco por cento de certeza que eu vou me identificar. E, na maioria das vezes, eu quero bater nela pra que ela não faça ou diga o que vai fazer ou dizer porque eu sei que vai ser ruim depois, e é. Somos tipo a mesma pessoa, sabe.

"Eu só não entendo porquê ninguém diz o quão ruim vai ser no mundo real."
E, mesmo elas sendo todas muito fodidas da vida, com todos os defeitos do mundo, não dá pra completamente odiar nenhum delas. Tanto que eu continuo a assistir, sem falhar um episódio. Fora que não fica naquele sofrimento desnecessário e dramalhão. Às vezes elas ficam bem. Como eu falei ali mais em cima, têm episódios em que dá vontade de abraçar e ser elas. Então você quer continuar vendo, nem que seja pra saber o quão ruim deu a última besteira delas.
E não é só o roteiro que é bastante real, é toda a montagem mesmo. Os plots funcionam e a fotografia é ótima e as cenas de sexo e os caras/interesses amorosos fazem sentido e o desenvolvimento das personagens é do caralho (bom, sort of) e... o seriado todo é bastante real e sincero. Então quanto mais eu assisto e mais tenho certeza de que tá tudo errado aqui dentro de mim, eu também tenho vontade de melhorar e lidar com as coisas mais ou menos da forma como elas lidam. Porque, no fim do dia, elas só tem umas às outras, e é só com essa ajuda que podem contar.
Acho que, na verdade, o que estou tentando dizer é que a real razão de eu amar tanto esse seriado ainda é:
"Realmente ajuda muito saber que você está fodida também."
Nada como ver alguém na merda pra lembrar que todo mundo fica na merda também. Mesmo quando se é linda que nem a Marnie, inteligente que nem Hannah, badass que nem a Jessa e fofa que nem a Shosh. E tá tudo bem estar na merda um pouquinho. E é bom ter exemplos de como sair da merda também. Principalmente exemplos tão legais e divertidos.
Okay, de repente, esse texto pareceu inútil agora, se eu resumir o meu amor pela série assim. Mas é verdade. Personagens reais, com defeitos reais, com corpos reais e que fazem drama como eu, ajudam bastante na vontade de ser melhor ou não ser melhor at all e aceitar quem eu sou. É bom ver que não estou sozinha no mundo.
E, sei lá, acho que mesmo que eu não me identificasse com nenhuma das garotas em nenhum nível, acho que ainda iria gostar do plot, das atuações, da forma como mostram a Big Apple e das frases que não são escritas pra fazer rir, mas fazem. Virou uma parte até mesmo da minha rotina. Amo/sou.
E você? Por que ainda não tá assistindo Girls?

*falei nesse post aqui que a série até inspirou o nome de blog. pois é, amo forte.

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